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Foto do escritorRui Lomelino de Freitas

O Hieróglifo enquanto símbolo



Cagliostro (1743-1795) dava voz à convicção geral da sua época quando afirmava que “toda a luz provém do Oriente, toda a iniciação do Egito”.

Os textos atribuídos a Hermes Trismegistos dão testemunho da convergência das culturas egípcia e helénica. Apesar de escritos em grego, entre o conjunto de textos conhecidos como Corpus Hermeticum, chegou até nós um que se chama De Asclépio ao Rei Amón. Nele encontramos esta noção de uma língua original, na qual o som e a vibração possuem o poder de expressar criadoramente aquilo que significam:

Hermes, o meu mestre, durante frequentes conversas comigo, às vezes em privado, outras na presença de Tat, costumava dizer-me: Pode parecer a quem se depara com os meus livros, que a sintaxe é muito simples e clara, quando na realidade é obscura e faz com que permaneçam ocultos os significados das palavras; e a obscuridade torna-se absoluta quando os gregos pretendem traduzi-los da nossa língua para a deles, pois isso gera uma grande distorção e confusão. Mas este tratado está na língua original e expressa claramente o significado das palavras. Pois a própria qualidade do som e da expressão das palavras egípcias possui em si mesma a energia daquilo que dizem. De modo que, na medida em que possas, tu que podes tudo, deixa este discurso por traduzir… pois os gregos, rei, só têm palavras vazias, eficazes apenas para a demonstração; e a filosofia grega é isso mesmo: ruído de palavras. Nós, porém, não usamos palavras, usamos sons cheios de eficácia.

Cada hieróglifo era uma espécie de ciência ou de sabedoria que colocava cada coisa ante os olhos de maneira sintética, sem conceção discursiva nem análise; essa noção sintética era depois reproduzida por outros sinais que a desenvolviam, a expressavam discursivamente e anunciavam as causas de que as coisas serem assim feitas, quando a sua bela disposição suscita admiração. Plotino (205-270), Enêiadas, V.

A tradução dos “Textos das Pirâmides”, hieróglifos encontrados na pirâmide de Unis (2342-2322 a.C) mostra com clareza a antiguidade da tradição hermética. Num deles lê-se: “Vive a vida, pois, verdadeiramente, não morres a morte”.

Na Antiguidade greco-romana era amplamente reconhecido o poder irradiante da sabedoria e cultura egípcias. O Egito era visto como a fonte do conhecimento, como é atestado no relato de Sólon, apresentado por Platão. E, já no séc. I a. C. Diodoro de Sicília afirmava: “diz-se que os caldeus da Babilónia, com tanto renome em astrologia, são uma colónia egípcia, e que foram instruídos nesta ciência pelos sacerdotes egípcios”.

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